domingo, 29 de setembro de 2013

Política pro povo! (Escrito por Anne Crystie)


"O sonho acordou! Melhor jargão não há. Alguns royalties para a educação, veto parcial ao 'ato médico', menores preços pras passagens, engavetamento da 'cura gay', 'PEC 37' rejeitada..."



            O que mobiliza as palavras que desta vez escrevo nada mais é do que aquilo que tem sido pano pras mídias e afins há mais de um mês. Digo das manifestações (pacíficas ou não) que têm colocado a política nas mãos do povo. E política nas mãos do povo não significa viver verdadeiramente a democracia. Política nas mãos do povo conota que a discussão sobre o bem comum tem ganhado visibilidade.  

            Pelos royalties para a educação, contra a corrupção, em apoio à legalização da maconha, feministas – em detrimento do “estatuto do nascituro”, “diga não ao ato médico”, por uma fiscalização eficaz e eficiente dos gastos com a copa, pela redução do preço das passagens, em nome da reforma agrária, ambientalistas, abaixo à “cura gay”, sem manipulação, por fichas limpas... Uma infinidade de pessoas e cartazes vêm pintando os ideais verde-amarelos (alienados ou não) de luta.  

Longe de analisar sociologicamente toda essa conjuntura, o meu objetivo com esses dizeres é registrar a experiência de viver as ruas preenchidas de Brasil. Viver o mar vermelho e verde (repito, cônscio de sua maré ou não), longe de um “impeachment Dilma” ou uma ilusão leninista, é viver as pessoas se “cidadanizarem”, é ver, enfim, que levantamos a bunda do sofá para, se não mudar o mundo, sentir ao menos as correntes que nos prendem.

Certa feita, ouvi questionarem o pra quê das pessoas e cartazes nas ruas. Foi uma colocação que me fez pensar. Contudo, não com desconfiança do efeito dos movimentos que gritam e sim com receio de uma época onde os ideais de luta não gritassem. Se as mudanças são tão árduas quando reconhecemos as necessidades de mudar, imagine como não seria se nem conhecêssemos, pelo menos via discurso, outras formas de existir possíveis!

O que quero dizer é que não sei do final feliz. Não sei que fim propagam as ondas do “gigante que acordou”. É impossível prever o quanto as castas estão sedimentadas e que tipo de revolução é preciso, que tipo tem mais efeito ou é mais rápido. No entanto, já ganhei meu dia! Já ganhei o meu país, o meu Brasil, a minha pátria. É os brasileiros entoando enlouquecidamente o hino nacional que não tem preço. São as crianças e os idosos, que fundem suas esperanças por detrás das máscaras, que me fazem cantar um “gol” arrepiado, de corpo e alma.

O sonho acordou! Melhor jargão não há. Alguns royalties para a educação, veto parcial ao “ato médico”, menores preços pras passagens, engavetamento da “cura gay”, “PEC 37” rejeitada... E se o Brasil ainda parece o mesmo, os brasileiros já não são. Há um gostinho de possível demorando menos, de possível na estrada, de possível mais próximo. Política pro povo! Tem pra dar e pra distribuir. Icemos as bandeiras em punho e aprendamos que política não é o mesmo que político. Política é de todos, por todos e para todos!

Julho de 2013