quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Saída de Emergência

Crédito da Imagem: Anne Crystie.

"Sempre que algum poeta se aproxima de mim, saio correndo, cheia de pavor, em busca de ar, de pessoas equilibradas, pois a poesia é virótica, sem cura, sem caminhos, apenas com uma janela aberta, que nos convida a cometer um longo vôo sem volta".

Denisse Emmer,
em seu livro O Insólito Festim.

domingo, 24 de outubro de 2010

Marshmallow (Anne Crystie)

À todos,
pela solidão provocada.

Aeroporto Internacional de Guarulhos (São Paulo/SP)
Crédito da imagem: Anne Crystie.

Marshmallow,
escrito por Anne Crystie.

Lentamente, sinto uma inexplicável vontade de chorar. Não por já ter sonhado em voar antes. Talvez por nunca ter desbravado o pico sozinha. Já repeti, algumas vezes, que sou aprendiz para um pouco de cada. Porém, sempre necessito compartilhar os orgasmos de minhas realizações. É bom olhar ao lado e sentir o calor de mãos ansiosas.
Há apenas mulheres: loiras; algumas com filhos, loiros e não-loiros, outras nem tanto. E fantasio ele, ou quase ele. De pelos negros e pele quente, capaz de rir e soluçar ao mesmo tempo; de estender-me as mãos e todo o resto. Continuo só e nem por isto não sei agradecer por ter vindo assim.
(...) Ele tinha ar preocupado e atencioso. E aqueles fios loiros não mais tocavam os ombros. Tocavam a mim, meu respirar, meu peito, minhas mãos. Elas pouco a pouco dedilhavam-lhe sinfonias de agradecimentos e declaravam-me todo o amor que havia aqui. Ela? Ela cantava e contava, mas nada justificou os meios. Foi gentil e mal pôde esperar a minha volta. Mal pode.
Já sinto os olhos arderem como relógios indicando o novo verão chegar. Não fumo cigarros, mas tenho vontade de um. Talvez por parecer-me o chão frio como uma janela ou por achar que a Terra, de repente, passou a concluir uma volta e meia em torno do sol em vinte e quatro horas.
Soou atrasada e apressada a última chamada. Escuto o som do meu alucinógeno cardíaco preferido decolando à direita, logo depois da saudade de quem voltará para casa nas próximas alvoradas.

sábado, 23 de outubro de 2010

Soneto de devoção (Vinicius de Moraes)

Crédito da imagem: Kazuo Okubo.

Soneto de devoção,
escrito por Vinicius de Moraes.

Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! — uma cadela
Talvez... — mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Sobre o orgasmo (D. H. Lawrence)


“E então começou de novo o inenarrável movimento que não era realmente movimento mas redemoinhos que sentia aprofundarem em círculos cada vez mais fundos, que atravessavam todos os seus tecidos e toda a sua consciência, até que ela se tornou um fluido de sensações, concêntrico, perfeito”.

D. H. Lawrence,
em seu livro O Amante de Lady Chatterley.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sobre o amor (Alexander Lowen)


"Se alguém deseja viver mais plena e ricamente, deve abrir seu coração para a vida e para o amor. Sem amor a si próprio, aos demais, à natureza e ao universo, o indivíduo é frio, alienado e desanimado. Dos nossos corações flui o calor que nos une ao mundo em que vivemos. Essa quentura é o sentimento de amor".

Alexander Lowen,
em seu livro Bioenergética.

Crédito da imagem: Simone Pessoa.