À todos,
pela solidão provocada.
Aeroporto Internacional de Guarulhos (São Paulo/SP)Crédito da imagem: Anne Crystie.
Marshmallow,
escrito por Anne Crystie.
Lentamente, sinto uma inexplicável vontade de chorar. Não por já ter sonhado em voar antes. Talvez por nunca ter desbravado o pico sozinha. Já repeti, algumas vezes, que sou aprendiz para um pouco de cada. Porém, sempre necessito compartilhar os orgasmos de minhas realizações. É bom olhar ao lado e sentir o calor de mãos ansiosas.
Há apenas mulheres: loiras; algumas com filhos, loiros e não-loiros, outras nem tanto. E fantasio ele, ou quase ele. De pelos negros e pele quente, capaz de rir e soluçar ao mesmo tempo; de estender-me as mãos e todo o resto. Continuo só e nem por isto não sei agradecer por ter vindo assim.
(...) Ele tinha ar preocupado e atencioso. E aqueles fios loiros não mais tocavam os ombros. Tocavam a mim, meu respirar, meu peito, minhas mãos. Elas pouco a pouco dedilhavam-lhe sinfonias de agradecimentos e declaravam-me todo o amor que havia aqui. Ela? Ela cantava e contava, mas nada justificou os meios. Foi gentil e mal pôde esperar a minha volta. Mal pode.
Já sinto os olhos arderem como relógios indicando o novo verão chegar. Não fumo cigarros, mas tenho vontade de um. Talvez por parecer-me o chão frio como uma janela ou por achar que a Terra, de repente, passou a concluir uma volta e meia em torno do sol em vinte e quatro horas.
Soou atrasada e apressada a última chamada. Escuto o som do meu alucinógeno cardíaco preferido decolando à direita, logo depois da saudade de quem voltará para casa nas próximas alvoradas.
Há apenas mulheres: loiras; algumas com filhos, loiros e não-loiros, outras nem tanto. E fantasio ele, ou quase ele. De pelos negros e pele quente, capaz de rir e soluçar ao mesmo tempo; de estender-me as mãos e todo o resto. Continuo só e nem por isto não sei agradecer por ter vindo assim.
(...) Ele tinha ar preocupado e atencioso. E aqueles fios loiros não mais tocavam os ombros. Tocavam a mim, meu respirar, meu peito, minhas mãos. Elas pouco a pouco dedilhavam-lhe sinfonias de agradecimentos e declaravam-me todo o amor que havia aqui. Ela? Ela cantava e contava, mas nada justificou os meios. Foi gentil e mal pôde esperar a minha volta. Mal pode.
Já sinto os olhos arderem como relógios indicando o novo verão chegar. Não fumo cigarros, mas tenho vontade de um. Talvez por parecer-me o chão frio como uma janela ou por achar que a Terra, de repente, passou a concluir uma volta e meia em torno do sol em vinte e quatro horas.
Soou atrasada e apressada a última chamada. Escuto o som do meu alucinógeno cardíaco preferido decolando à direita, logo depois da saudade de quem voltará para casa nas próximas alvoradas.
Não consegui identificar o eu-poético desse texto: você ou outrem? Se for você, fico um tanto quanto enciumado - um loiro (algo que nunca conseguirei ser, ainda que tenha nascido assim) já fincou bandeiras em seu coração. Sortudo, ele. E quanto ao vôo: uma das melhores sensações que podemos ter. De todo, fica: gosto muito de ler você.
ResponderExcluir- Seu Admirador
Ótimo e sem-sentido. São estes os atributos do texto. Na verdade, todo o sentido existe, mas é teu.
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