Crédito da imagem: Desconhecido. |
Sinto como se precisasse gritar algo que ninguém quer ouvir. Não é certeza quanto a existir alguma coisa a dizer, mas é bem verdade que não há qualquer alguém aqui. São palavras e ouvidos que inexistem. É silêncio cheio de mais. E o meu peito pulsa como se houvesse maratona. Não há maratona. Nem sequer corredores há. Alguns outros cômodos fechados, quadrados em si, só que nada muito longo e estreito que renove a expectativa de luz no fim do túnel. Tudo é escuridão. É escuridão sem borboletas. Eu deito, eu sento, eu como. Eu não aguento. Queria tirar umas férias de mim. Abandonar os romances na estante e voar. Ser prazer e viver prazer é o que eu queria. Sem muito ou algum nexo, sem sinapses nervosas pré-existentes. Nervosamente alguém que nunca existiu em outro lugar. Faz um calor que me preenche de frieza. Só chove e chove. É dia de santo. Vejo os velhos apagando seus pecados e os novos ansiando por come-tê-los. E eu, tão jovem, cheia de velhice. Brincando com a borracha por não saber o que riscar. Implorando por pecar. É assim que o verão vai indo e assim que a saudade vai vindo dentro de mim. Tudo e nada acontece.
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O que eu te falo nunca é o que te falo e sim outra coisa. (Clarice Lispector)