Hey! Existir me fez lembrar você ontem. Já era tarde. Se o sol estivesse nascido, não havia se adiantado. Misteriosamente, toda a minha atenção, consciente e inconsciente, volta-se a lamentar saudades suas. Mais surpreendente que o misteriosamente, somente a estúpida facilidade com que me esqueci da sua displicência. Parecia ter recebido notícias suas no minuto anterior. Sua famosa lista de compromissos e sua famigerada distância aparente. Senti-me na sua rotina outra vez. E olha que você não foi o maior dos meus casos.
Eu ocupava o seu tempo e avassalava o seu coração. Via aquelas horas transformadas em eternidade; num amor que nunca morre. Como eu gozava da sua claustrofobia barata, que, receosa de se aproximar inseparavelmente de mim, esfregava-me loucamente, com aquele ar opaco de início de dia num feriado veraneio. Eu nem sonhava em emergir diante de sua audácia. A minha estrutura perversa se satisfazia inteiramente com a sensação da sua imagem. Abafados ou não, bastava-me perceber o seu toque e escutar os seus segredos de liquidificador.
Recordo-me daqueles dedos que, como alfaiates de meia-tigela, pesavam a largura dos meus sentimentos: quanto mais estreitos, mais estremecedor eram. Eu podia esmagar a sua inocência que se disfarçava de ousadia naquele despropositado evento. E eu a comprimia com pés e mãos. Tinha pleno poder sobre si e nenhum sobre mim. A minha barbárie era tanta que escorria-me a fobia de pensamento.
E eu era todas as línguas da galáxia. Línguas e boca. Fugia-me a noção de ser-aí. Experimentava o ser-aqui quando lhe expectava e espectava me pressionar à parede. No jogo, eu estava sempre perdendo. Ganhando os seus pinos e esmaecendo a minha alma.
Eu ocupava o seu tempo e avassalava o seu coração. Via aquelas horas transformadas em eternidade; num amor que nunca morre. Como eu gozava da sua claustrofobia barata, que, receosa de se aproximar inseparavelmente de mim, esfregava-me loucamente, com aquele ar opaco de início de dia num feriado veraneio. Eu nem sonhava em emergir diante de sua audácia. A minha estrutura perversa se satisfazia inteiramente com a sensação da sua imagem. Abafados ou não, bastava-me perceber o seu toque e escutar os seus segredos de liquidificador.
Recordo-me daqueles dedos que, como alfaiates de meia-tigela, pesavam a largura dos meus sentimentos: quanto mais estreitos, mais estremecedor eram. Eu podia esmagar a sua inocência que se disfarçava de ousadia naquele despropositado evento. E eu a comprimia com pés e mãos. Tinha pleno poder sobre si e nenhum sobre mim. A minha barbárie era tanta que escorria-me a fobia de pensamento.
E eu era todas as línguas da galáxia. Línguas e boca. Fugia-me a noção de ser-aí. Experimentava o ser-aqui quando lhe expectava e espectava me pressionar à parede. No jogo, eu estava sempre perdendo. Ganhando os seus pinos e esmaecendo a minha alma.
Legallll, entre conexões de cognitivimos, memórias e atenção, até os devaneios pscanalíticos, fobias e pervesões...ah! Ainda coube um Ser-aí , que bom!!Lindo,amiga :)
ResponderExcluirBravo! Sensualidade claustrofóbica, em alguns momentos, mas no todo um filme noir de sensações epidérmicas: quem não viveu um momento assim, alguma vez na vida?
ResponderExcluir[Comentário sobre comentários] Saionara fez toda a análise psicológica do texto.
ResponderExcluir[Comentário sobre o texto]
Há que continuar permitindo-se na literatura, eis que a arte é permissão.
Como você é uma pessoa ousada, Anne Crystie Miranda BESSA!
ResponderExcluirToda cheia de línguas e linguagens.
Gostei, viu?
E como Sérgio disse: permita-se mais nisso de escrever, boneca! kkkkkk
Um beijo e um berimbau! rs
Essa é a Anne que pouco conheço, sendo uma mulher de muita inspiração emotiva para o amor, mas sei que você é o todo do que está escrito, nas suas entrelinhas do saber.
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