À três amores de minha vida.
Crédito da Imagem: Anne Crystie. |
Estou quase convencida de que tudo na vida passa, tudo é despedida. Pois é, quase. Assisto insistentemente, todos os dias, com hora marcada, que até o rei Sol tem que ir embora. São as águas de março, os aniversários mal comidos, o meu tempo de criança. São as plataformas sem formas que reinventam a dor do ter que ir incessantemente. Gosto do dialógico, da dança das plantas, de conhecer lugares inóspitos. Mas o que amo mesmo é reconhecer pessoas. É saber que aquele cara era da minha escola ou que a loira ali no banco demorou tão pouco que nem o nome eu captei. São os abraços de eternas boas-vindas. E que braços! Há mãos, há pernas. Hão amigos! De vez em quando é alguém da família, um primo distante de quem nunca se sabe, um mendigo aprendiz de emergente procurando o que comer. Contudo o que em demasia me enche são as flores que ganho; os guardanapos rabiscados de batom, as bananas e ovos fritos, os cheiros que veem e os desastres que encantam. O amor é fruto de algo que desaparece – e que, por consequência, aparece num domingo qualquer. Ele é um filme daqueles em fita, gostoso de rebobinar. Não é preciso gravar as mesmas cenas. É impreciso! Na maior parte das chances até, é indesejável ou irracional (lê-se: burrice). Viver daquilo que nos significa, rever aquilo que nos constitui. Reencontrar os gostos, cognoscer. Alguns podem titubear, outros envelhecer... Os perdidos serão sempre os primeiros! Mas os amigos mesmo, desses que falo, viverão por todo o tempo a beleza e a magia da juventude. Ainda que na corda bamba um dia, amigo de verdade todo o resto de tempo que sobrar.
Quem conhece sabe a intensidade do que está escrito nessas poéticas palavras. Parabéns pela colaboração de inspiração aos nossos corações.
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