Amar é o melhor remédio!
"Vivemos de cestas fartas de bulas que sintomatologizam as nossas faltas (de ânimo, de tempo, de apetite) e excessos (de sal na comida, de álcool no fim de semana..."
Nos últimos meses, o meu futuro profissional tem-me oportunizado questionar aquilo que muitos chamam de amor. É! Amor. A importância dos vínculos e conexões, o mistério do estar-com, a magnitude da interpessoalidade: o que de bom podemos colher caso apertemos as mãos uns aos outros?
Os benefícios de estar junto, ao que me parece, estão para além de simplesmente não estar só. Sim, porque não saber da solidão já é uma benfeitoria digna de si mesma. Mas ter com o outro, com o eu que é ele, ou com o nós, é capaz de amenizar os mais variados sintomas. Falo isto em nome de mim própria. Não acumulei dados ou fiz pessoas serem odiadas para que o amor provocasse uma cura: eu tomei dois comprimidos no café da manhã na última feira!
Vivemos de cestas fartas de bulas que sintomatologizam as nossas faltas (de ânimo, de tempo, de apetite) e excessos (de sal na comida, de álcool no fim de semana, de força braçal no trabalho). Uma aspirina depois do almoço, dois daqueles verdes no jantar, o da tarja preta antes de dormir: “remédios, para que te quero?”
Longe de mim viver sem eles! Ainda há pouco engoli alguns “benegripes” para afastar o frio dos pés. O que quero dizer é: tenha sempre em casa uma caixa de amor com um bom prazo de validade. Compre-a nas ruas, nas calçadas, nos olhares... Mas compre-a! Coloque-a na cesta de natal, na ceia de ano novo, na cabeceira da cama nos dias de ressaca do carnaval. Deixe que o amor resignifique, ou mesmo signifique, as dores que você tem nas pernas, o cansaço que sente nos braços, a dificuldade que traz nos olhos... Deixe o amor entrar! Bem clichê mesmo.
Grandes nomes, que faziam todo mês as compras do supermercado como nós, ousaram inscrever diante das ciências, das religiões e filosofias a importância do toque na promoção da saúde. Quanto da sua febre decresceria caso lhe fizessem uma massagem nas mãos? Acordaria menos resfriado se dormisse de conchinha? Seria capaz de voltar a correr no quarteirão depois duma boa e atenciosa conversa?
Muitas de nossas dores de cabeça são respostas à importância que não damos ao contanto com o outro. A depressão, que já passou por mal-do-século algumas vezes, é sinônimo de solidão, de vazio de sentido, de desespero diante do nada. É que nós precisamos estar preenchidos o tempo inteiro! Repletos de instantes, lembranças, metas... Aproveitando o natal, o quintal, o portal, e tudo mais que ao coração possa servir de antibiótico.
Os encapsulados ou os efervescentes?! Nem me importa. Depois que me afetei perdidamente com o bem que este comprimidinho me faz, quero retalhos ou cartelas, mas quero amar e ser amada! Quero verdadeiramente viver a desordem ao dormir trinta minutos mais tarde e atrasar-me dois palitos para os afazeres diários, mas quero tomar o meu remédio na hora certa! Checar todas as minhas receitas e até comprar uma daquelas caixinhas (douradas, pequenas, de música) para nunca esquecer onde pus a banda que sobrou da dosagem de ontem.
O amor está à prova de todo e qualquer sentido! Precisa-se dele nos bairros mais afastados e esquecidos da cidade; nos lares onde com sinal pouco nítido a rádio chega; nos leitos de hospital cheios de esperança; nas escadarias de mãos estendidas; em cima e atrás dos trios elétricos; nas justas e injustas e enchidas penitenciárias; nas filas na chuva ou no sol dos postos de saúde; nas salas de aula barulhentas e silenciosas; na sua geladeira descongelando; no coração dos seus amigos e irmãos.
Lembram-se daquela vacina que nos marcou no braço direito, quando ainda recém-chegados ao mundo? É sobre isso que os escrevo: sobre a importância dos vínculos e conexões, o mistério do estar-com, a magnitude da interpessoalidade. Os frutos, grandes, suculentos e maduros que um aperto de mão faz brotar em nossas árvores são como os anticorpos que a “BCG” faz morar em nosso corpo! São a cura que alguns esperam e a saúde que todos ansiamos.
O autocuidado e a promoção da saúde requerem mais que o efeito dos carimbos de hospital e da coleção de caixas medicinais que guardamos no armário da cozinha. (...) E o amor é isto que falta! Toquemo-nos uns aos outros; pouco importa se em 250 ou 500mg, mas sintamo-nos. Deixemos que a potencialidade curativa da substância química “amar” reaja perante nossas células doloridas, provocando uma anestesia consciente. Estejamos bem: com o mundo (com o outro) e com o nosso corpo (com nós mesmos)!
(...) Alexander Lowen, médico psiquiatra e psicoterapeuta norte-americano, após dizer que “quanto mais vivo for o seu corpo, mais vivamente você estará no mundo”, legou-nos que: “Se alguém deseja viver mais plena e ricamente, deve abrir seu coração para a vida e para o amor. Sem amor a si próprio, aos demais, à natureza e ao universo, o indivíduo é frio, alienado e desanimado. Dos nossos corações flui o calor que nos une ao mundo em que vivemos. Essa quentura é o sentimento de amor.” Sejamos, pois, quentes, vivos e saudáveis!
Os benefícios de estar junto, ao que me parece, estão para além de simplesmente não estar só. Sim, porque não saber da solidão já é uma benfeitoria digna de si mesma. Mas ter com o outro, com o eu que é ele, ou com o nós, é capaz de amenizar os mais variados sintomas. Falo isto em nome de mim própria. Não acumulei dados ou fiz pessoas serem odiadas para que o amor provocasse uma cura: eu tomei dois comprimidos no café da manhã na última feira!
Vivemos de cestas fartas de bulas que sintomatologizam as nossas faltas (de ânimo, de tempo, de apetite) e excessos (de sal na comida, de álcool no fim de semana, de força braçal no trabalho). Uma aspirina depois do almoço, dois daqueles verdes no jantar, o da tarja preta antes de dormir: “remédios, para que te quero?”
Longe de mim viver sem eles! Ainda há pouco engoli alguns “benegripes” para afastar o frio dos pés. O que quero dizer é: tenha sempre em casa uma caixa de amor com um bom prazo de validade. Compre-a nas ruas, nas calçadas, nos olhares... Mas compre-a! Coloque-a na cesta de natal, na ceia de ano novo, na cabeceira da cama nos dias de ressaca do carnaval. Deixe que o amor resignifique, ou mesmo signifique, as dores que você tem nas pernas, o cansaço que sente nos braços, a dificuldade que traz nos olhos... Deixe o amor entrar! Bem clichê mesmo.
Grandes nomes, que faziam todo mês as compras do supermercado como nós, ousaram inscrever diante das ciências, das religiões e filosofias a importância do toque na promoção da saúde. Quanto da sua febre decresceria caso lhe fizessem uma massagem nas mãos? Acordaria menos resfriado se dormisse de conchinha? Seria capaz de voltar a correr no quarteirão depois duma boa e atenciosa conversa?
Muitas de nossas dores de cabeça são respostas à importância que não damos ao contanto com o outro. A depressão, que já passou por mal-do-século algumas vezes, é sinônimo de solidão, de vazio de sentido, de desespero diante do nada. É que nós precisamos estar preenchidos o tempo inteiro! Repletos de instantes, lembranças, metas... Aproveitando o natal, o quintal, o portal, e tudo mais que ao coração possa servir de antibiótico.
Os encapsulados ou os efervescentes?! Nem me importa. Depois que me afetei perdidamente com o bem que este comprimidinho me faz, quero retalhos ou cartelas, mas quero amar e ser amada! Quero verdadeiramente viver a desordem ao dormir trinta minutos mais tarde e atrasar-me dois palitos para os afazeres diários, mas quero tomar o meu remédio na hora certa! Checar todas as minhas receitas e até comprar uma daquelas caixinhas (douradas, pequenas, de música) para nunca esquecer onde pus a banda que sobrou da dosagem de ontem.
O amor está à prova de todo e qualquer sentido! Precisa-se dele nos bairros mais afastados e esquecidos da cidade; nos lares onde com sinal pouco nítido a rádio chega; nos leitos de hospital cheios de esperança; nas escadarias de mãos estendidas; em cima e atrás dos trios elétricos; nas justas e injustas e enchidas penitenciárias; nas filas na chuva ou no sol dos postos de saúde; nas salas de aula barulhentas e silenciosas; na sua geladeira descongelando; no coração dos seus amigos e irmãos.
Lembram-se daquela vacina que nos marcou no braço direito, quando ainda recém-chegados ao mundo? É sobre isso que os escrevo: sobre a importância dos vínculos e conexões, o mistério do estar-com, a magnitude da interpessoalidade. Os frutos, grandes, suculentos e maduros que um aperto de mão faz brotar em nossas árvores são como os anticorpos que a “BCG” faz morar em nosso corpo! São a cura que alguns esperam e a saúde que todos ansiamos.
O autocuidado e a promoção da saúde requerem mais que o efeito dos carimbos de hospital e da coleção de caixas medicinais que guardamos no armário da cozinha. (...) E o amor é isto que falta! Toquemo-nos uns aos outros; pouco importa se em 250 ou 500mg, mas sintamo-nos. Deixemos que a potencialidade curativa da substância química “amar” reaja perante nossas células doloridas, provocando uma anestesia consciente. Estejamos bem: com o mundo (com o outro) e com o nosso corpo (com nós mesmos)!
(...) Alexander Lowen, médico psiquiatra e psicoterapeuta norte-americano, após dizer que “quanto mais vivo for o seu corpo, mais vivamente você estará no mundo”, legou-nos que: “Se alguém deseja viver mais plena e ricamente, deve abrir seu coração para a vida e para o amor. Sem amor a si próprio, aos demais, à natureza e ao universo, o indivíduo é frio, alienado e desanimado. Dos nossos corações flui o calor que nos une ao mundo em que vivemos. Essa quentura é o sentimento de amor.” Sejamos, pois, quentes, vivos e saudáveis!
Dezembro de 2010