quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Vamos brindar a vida! (Anne Crystie)

Vamos brindar a vida!
Escrito por Anne Crystie.

"No mais: "tim-tim" a você!..."


No Brasil, não muito diferente, por exemplo, da cultura norte-americana que vemos nos filmes hollywoodianos, o verão é sinônimo de festa! Não sei se o fervor da época avassala os corações baladeiros, mas, culturalmente falando, tem sido práxis das madrugadas de dezembro e dos amanheceres de janeiro intensificar as alegrias e comemorações: desde os grandes shows de fogos de artifício nas areias de Copacabana até os animados churrasquinhos nas lajes soteropolitanas ou paulistas.

Ainda que do nascer estejamos imersos numa sociedade capitalista rezando que tempo é dinheiro, nós, do jeitinho brasileiro de dar, somos banhados por outra identidade: a de povo festivo. No país do carnaval e do samba, acompanhando o “feliz natal” há sempre um, despercebido ou intencional, “boas festas”. Não querendo questionar os discursos ou mesmo interpretá-los, ainda que assim pareça fazer, reflito: Que pretendemos dizer com isto?

Nas sociedades primitivas agrícolas viam-se os homens e suas famílias dançando a colheita; nos povos ciganos bebiam-se (e bebem-se) os grandes e luxuosos casamentos que perduravam (perduram) por sete dias; nas cerimônias africanas cantavam-se (e cantam-se) as oferendas e graças. Festejar é do homem! Ele, que atrás dos seus papéis, bem ou mal desempenhados, das suas angústias e desgraças, carrega inerente uma meta: ser feliz!

É certo que os desfrutes em excesso enchem as manchetes nos jornais, os noticiários na TV, os lares que, preocupados, esperam o regresso dos filhos da rave. Não há aqui uma alienação quanto a isto. O convite que tenho a fazer é: Vamos brindar a vida! Hoje, ontem, ou atemporal, o tempo voa. Embalando o cantor e compositor Lulu Santos: “escorre pelas mãos”. (...) E não há, mesmo, tempo que volte!

O que precisamos é nos permitir! Dançar a valsa, batucar o pagode, gritar o rock... Ligar o som do carro, fechar ou abrir as cortinas e co-me-mo-rar! A maior herança que podemos acumular é a satisfação. Sonhar, planejar, desejar: viajar. Viaje! Caminhe por lugares onde nunca esteve, ainda que estes sejam o quintal do vizinho ou as geleiras do Ártico. Encontre gente nova ou amigos velhos, sente numa roda de violão, beba uma taça de vinho... Dê festas! De aniversários ou atemáticas, mas divirta-se simplesmente por estar vivo.

Amanhã pode ser que estejamos tristes, que tenhamos celebrado uma partida, que percamos as forças ou a graça... São coisas da vida! Vivamos intensamente as dores, desde que nunca esqueçamos que o não doer é mais confortável. Há sempre outro caminho, um novo hit, outro ingresso, um novo convite... Aceitemos vestir a melhor roupa e sair de casa! Logo mais, cedo ou tarde, os megafones soarão e lá pode estar você novamente: “Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi...” (Erasmo Carlos e Roberto Carlos).

É verão, é inverno, é Brasil, é China, manhã, madrugada, alegria ou tristeza: saibamos aproveitar os momentos de festa! Dançar e sorrir fazem bem para corpo e alma. Não já disseram que “quem canta seus males espanta”? Retruquemos o “boas festas” com um “igualmente” e penetremos no mundo da felicidade. Aceitemos arriscar um passo de balé e comemoremos o existir das possibilidades. No mais: “tim-tim” a você!
Janeiro de 2011

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O que eu te falo nunca é o que te falo e sim outra coisa. (Clarice Lispector)