quinta-feira, 24 de março de 2011

Retrato de um Pierrot (Anne Crystie)

Crédito da Imagem: Desconhecido.
Sei que tenho reclamado com uma frequência irritante dessa minha, e herdada, capacidade de sentar para ver o tempo passar, como se o meu egocentrismo permitisse que a Terra - porque o sol não sei se existe - girasse sob meu comando. Entretanto, ainda que não tenham sido jogados fora todos os meus discos de Raul, hoje nem penso em ser uma metamorfose ambulante e nunca ter aquela velha opinião formada sobre tudo: contento-me em viver todos os dias deste ano como se fossem carnaval sendo.

Se foi bom te conhecer, não me lembro - dizem que há dessas amnésias de infância. No entanto, foi inenarrável pelas ruas encontrar você! Pela primeira vez, em mil e trinta e quatro dias, pude compreender a droga que paira no ar quando falam daquele baiano da cidade de luz e prazer correndo atrás do trio. E as minhas pernas tremiam!

Vou me entregando, me entregando... Jamais terei medo daquelas coisas acaso você fielmente tenha transformado minha história num conto de fadas. Dei-lhe o meu papel principal: amar, seja com neurotransmissores, significações sociais baratas ou alguma coisa mística que não sou capaz de descrever.

No seu calor não havia - mesmo - como permanecer em minha zona fria de conforto. E olha que não falo de quentura: falo de fogo, de janelas fechadas. Todas as loucuras que me fez cometer, o conjunto delas, nas minhas minuciosas lembranças sensoriais e perceptivas, me faz perceber que eu estava louca! Já admiti que sua emoção me desconserta. E foi assim desde o início - que sei e não sei quando.

As vírgulas até podem se repetir, mas será, amanhã e sempre, tudo novo de novo. Estou de poemas abertos! Voltando a ser aquela garotinha que esperava o ônibus da escola - (não mais) sozinha. Quem você sempre amou. (...) Por quem, infinitamente, derrubei e construí castelos. Derrubei, construí... Sólidos, como seus dedos das mãos em forma de "decloração".

We are the world of qualquer coisa, contanto que exista nós. É tudo!

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O que eu te falo nunca é o que te falo e sim outra coisa. (Clarice Lispector)