quarta-feira, 10 de novembro de 2010

5:10 da manhã de uma segunda-feira mal dormida (Anne Crystie)

Crédito da imagem: Anne Crystie.

5:10 da manhã de uma segunda-feira mal dormida
Escrito por Anne Crystie.

Nem sempre as alvoradas parecem tão inóspitas quanto às dos dias que acordam mais cedo no verão.
De lá de longe, no horizonte... Avistava-se ninguém, caro amigo! As folhas eram a única dança carnavalesca que se via descer a avenida. Descompassadas, deixavam que o remoer dos pássaros lhes adentrassem goela abaixo e já se identificavam como extasiadas oriundas da rave de sábado à noite.
Não é manhã de domingo. Mas sabe que estes eventos pós-emergidos nem deixam que eu conte os dias?! Aquelas luzes encantadoras que se aproximam daqui sugerem alimentar-me do tempo eterno; do sono passageiro no tempo eterno; tempo. Dois vivas à imortalidade!
Tudo que eu quis ter quando crescer: a ampulheta do mundo, o controle das horas e mais cama pra dormir. Tempo de folha, de sol; de tempo em tempo.
A claridade já me escurece os olhos. Não os olhos negros da noite. Os olhos alvos da alma, que descansa duas a três horas por dia: quase um/cesto de egoísmo.
Não ver a noite findar é para os fracos. O mistério dos dias, das ampulhetas, dos ponteiros, passa por aqui toda volta; e eu finjo que durmo e não vejo ou vejo e finjo que o dia não amanheceu.

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