domingo, 12 de dezembro de 2010

Parada para o café (Anne Crystie)

Parada para o café
Escrito por Anne Crystie.


Algum dia você fantasiou ser capaz de tirar-me das noites o sono e trazer-me aos dias a paz? Afligia-me o se aproximar do nosso aniversário, mas nada levou-me a esperança de escutar a voz do anjo sussurar no meu ouvido. Confesso: você chegou e eu lhe esperava. Com suas letras e canções, nem importa se você não me imaginava. Vale a sua respiração ofegante dizendo que me ama; em português, polonês ou qualquer outra língua dessas que você usa com classe. Quanto aqueles hiatos irritavam-me ao dizer que eu não podia lhe jogar contra a parede e perguntar-lhe por que demorou... Juro que arrancaria uma a uma essas suas vãs filosofias, de cima e de baixo. [Era tudo que eu mais queria!] Mas não. Como quem chega do bar, você insiste em me seduzir antes de tudo. Para que tanta perversão, ó céus? Eu estava aberta: de mãos e peito abertos. Terminar por derreter-me acabaria toda a festa. Você precisava do meu colo para deitar-se e do meu ventre para existir. E então: estou aqui! Bem-vindo de volta para onde sempre esteve! São seus. Vou-me deitar e não se demore. O dia já raia e eu costumo render as noites que prometi.

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O que eu te falo nunca é o que te falo e sim outra coisa. (Clarice Lispector)